Vício em drogas: como entender e tratar essa condição

O uso prolongado de crack pode prejudicar a função cognitiva, incluindo a capacidade de tomar decisões racionais e avaliar as consequências de seus comportamentos. Isso pode tornar ainda mais difícil para os usuários de crack resistirem aos impulsos de consumo e buscar ajuda para seu vício. Muitos usuários de crack têm problemas de saúde mental subjacentes, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar ou transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), que podem contribuir para o desenvolvimento e a manutenção do vício em drogas. O crack, uma forma altamente concentrados de cocaína, exerce um efeito profundo no cérebro, alterando a química cerebral e afetando a tratamento de alcoolismo e internação involuntária função cognitiva, emocional e comportamental dos usuários.

Como é a mente de um viciado em drogas?

O tratamento para o vício em crack geralmente envolve uma abordagem multifacetada que aborda não apenas os aspectos físicos da dependência, mas também os aspectos emocionais, cognitivos e psicológicos. Isso pode incluir terapia individual e em grupo, tratamento medicamentoso, apoio psicossocial, educação sobre o vício e habilidades de enfrentamento. O vício em crack também pode levar os usuários a negarem a realidade e evitar enfrentar os problemas e desafios em suas vidas. Eles podem recorrer ao uso do crack como uma forma de escapar de problemas emocionais, financeiros ou relacionais, em vez de lidar com esses problemas de maneira saudável e construtiva.

O vício é apenas uma questão de força de vontade?

Quando uma pessoa consome crack, a droga atua rapidamente no cérebro, estimulando a liberação de neurotransmissores como dopamina, norepinefrina e serotonina, que são responsáveis por regular o humor, a energia e a sensação de prazer. O vício em drogas danifica vários aspectos da vida de uma pessoa. Doenças graves podem surgir, como problemas no coração e no fígado, além de transtornos mentais. Tudo isso porque as drogas afetam o funcionamento do corpo, prejudicando a saúde.

Apesar dos desafios, a jornada da recuperação também é um momento de descoberta do poder de transformação do indivíduo. Ao se libertar do vício, a pessoa tem a oportunidade de reconstruir sua vida e se tornar uma versão melhor de si mesma. Uma das principais dificuldades enfrentadas é a necessidade de mudar padrões de pensamento e comportamento arraigados.

Enquanto a questão das drogas segue matando e dizimando famílias ao redor de todo o mundo por receber um tratamento de criminalização ao seu consumo, tem pessoas que sabem que a violência não vai resolver nada. O vício gera pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos com relação ao objeto do desejo, de modo a comprometer as outras áreas da vida. É difícil perceber a transição do hábito para o vício, mas entende-se que a etapa do vício é quando a prática do consumo daquilo que lhe causa compulsão começa a trazer prejuízos à vida. A cocaína ainda é um problema no Brasil, droga antes que era considerada um recurso de pessoas mais elitizadas e ricas, acabou por se espalhar por todas as classes sociais, perdendo apenas para seu subproduto que é o crack.

Os especialistas consultados por Nutt e sua equipe situaram a heroína como a droga mais viciante e lhe deram uma pontuação de 3 em 3. A recuperação não se trata apenas de parar de usar a substância ou abandonar o comportamento viciante, mas também de se reconectar consigo mesma e com seus valores. É um processo de autodescoberta e crescimento pessoal, no qual o indivíduo aprende a cuidar de si mesmo e a encontrar novas formas de prazer e satisfação. Qual é a origem e quais são as áreas dos sistemas de dopamina mesocortico-estriatal ascendente envolvidos nessa resposta?

Quais as origens da dependência? Entenda os fatores principais

As coisas normais da vida – como um filminho com a pessoa amada ou uma comida gostosa – já não dão mais o mesmo prazer. Quando chega lá, ela faz uma bagunça danada com os neurotransmissores principalmente a dopamina, que é aquela substância que te faz sentir bem quando você come um doce. Sabe como é quando você fica com aquela vontade louca de comer chocolate? Agora imagina isso multiplicado por mil, com o cérebro literalmente implorando por mais. A internação involuntária é um procedimento complexo e sensível que só deve ser utilizado como último recurso quando outras opções de tratamento foram consideradas inadequadas ou ineficazes. Desta forma, o estudo coloca o vício como um sintoma da desconexão da pessoa com o seu meio.

Suspeitava-se que a dopamina era o neurotransmissor responsável pela ativação das regiões neurais que determinam sensações de prazer. Hoje, sabe-se que não é a dopamina que impulsiona o “gostar” de algo, mas ela tem papel fundamental nisso. Nossa equipe tem profissionais preparados pra entender exatamente o que tá acontecendo no seu cérebro e oferecer as melhores estratégias de tratamento. É impressionante como, com o tratamento certo e tempo suficiente, muitas pessoas conseguem reconstruir suas vidas e recuperar funções importantes.

É possível prevenir o desenvolvimento de vícios?

Elas podem alterar a forma como nossos neurotransmissores funcionam, interferindo na liberação e captação de dopamina. Isso cria uma sensação intensa de prazer, mas também leva à necessidade de consumir cada vez mais da substância para obter o mesmo efeito. Grupos de psicólogos e pediatras estão produzindo também diretrizes mais voltadas a crianças maiores e adolescentes, que têm usado também redes sociais.

Na pesquisa da Bruna Mayara Lopes, ficou claro que o uso precoce da droga compromete especialmente essa região. Esse negócio de memória é ainda pior quando a pessoa começa a usar muito cedo. No Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, rolou uma pesquisa com 15 dependentes de cocaína em abstinência. Esses caras tinham problemas sérios em testes de memória verbal, memória visual, atenção e outras funções. Nosso cérebro evoluiu pra valorizar coisas que nos ajudam a sobreviver – comida, sexo, conexões sociais.

— Existem outras questões na equação, como a desagregação familiar, a situação da falta de supervisão, aquele pai que não consegue estar próximo do filho, etc. Rohde afirma, porém, que é muito difícil dissociar a questão do tempo daquela do conteúdo. “Isso por si só deveria ser causa para preocupação ou mesmo para intervenção.” “As plataformas de mídia social deveriam encorajar a conexão, mas também podem criar circunstâncias que promovem hábitos obsessivos, especialmente em jovens mais vulneráveis”, explica. Uma das vozes dissonantes no assunto é a do psiquiatra Luis Augusto Rohde, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que integrou a força tarefa da edição 5 do DSM, aquela que está em vigor hoje.

A neurobiologia do vício estuda como o cérebro se comporta nas duas fases da impulsividade e da compulsão. O vício é um problema que muitas vezes começa silencioso e vai se instalando sem que a pessoa perceba, a prática leva ao hábito, o hábito leva a o vício. Quando o vício é formado é porque de alguma forma a substância ou a prática afetou o sistema de busca e recompensa do nosso cérebro, seja através dos neurotransmissores ou por alteração hormonal ou até mesmo lesão. As duas possuem efeitos de rápida interação cerebral, podem começar em questão e segundos após o consumo e podem viciar tanto fisicamente quanto psicologicamente desde o primeiro uso. A nicotina, mais conhecida pelo cigarro, que não só a contém como mais 4,7 mil substâncias tóxicas, porém, a nicotina é a principal quando se trata sobre vício, sendo a segunda droga mais consumida no mundo inteiro. O perigo do álcool se dá mais na sua ampla aceitação social, as pessoas acabam não percebendo que já estão viciadas e ignoram fatos e sinais da dependência.

Após a recuperação, é necessário encontrar novas formas de se enxergar e de se relacionar com o mundo. Além disso, estabelecer metas realistas e criar uma rotina estruturada pode ajudar a evitar momentos de tédio ou ociosidade, que podem ser gatilhos para o vício. O suporte profissional também é fundamental, seja através de terapia individual ou em grupo, oferecendo um espaço seguro para discutir desafios e buscar soluções. É importante também tratar das doenças e transtornos associados à dependência química, assim como os sinais e sintomas deixados pelo uso/abuso das substâncias, de modo que tratar das comorbidades é também tratar da dependência química. Não, o vício também afeta as pessoas ao redor do indivíduo viciado. Familiares e amigos próximos podem sofrer com as consequências do vício e também precisam de apoio.